Brigadistas resgatam peixes na Ilha do Bananal em meio à seca severas dos rios e lagos


Já foram resgatados cerca de 100 pirarucus, mas o número deve aumentar. A comunidade expressa preocupação com a situação. Brigadista resgatando pirarucu na Ilha do Bananal.
Brigada Javaé/ Prevenção e Combate a Incêndios florestais
Desde o final de agosto, a Ilha do Bananal, localizada entre os estados de Tocantins e Mato Grosso, tem enfrentado graves problemas com a seca e as queimadas que assolam a região.
A ilha, que abriga cerca de 3 mil lagos catalogados, está sob monitoramento constante, gerando grande preocupação entre brigadistas e moradores. O chefe de brigada PREVFOGO – TO, Cléber Javaé, relata que, até o momento, cerca de 100 pirarucus foram resgatados devido à seca dos lagos. Esse número continua a crescer à medida que o resgate prossegue, embora a lama densa esteja dificultando a logística necessária para capturar os peixes.
Os pirarucus estão sendo transferidos do Lago do Bananal para o Riozinho, também situado na Ilha do Bananal. “Neste lago específico, já perdemos milhares de peixes, como cacharas e tucunarés, entre outros. Somente de pirarucus, foram mais de 200 mortes,” revela Cléber.
Cerca de 100 pirarucus foram resgatados até o momento
Brigada Javaé/ Prevenção e Combate a Incêndios florestais
Ele destaca que a seca deste ano é uma das mais severas já registradas na região, com inúmeras espécies de peixes e outros animais sendo afetados diariamente.
“Esse ano de 2024 as Brigadas de Combate aos Incêndios florestais sofreram um corte drástico pelo IBAMA. Estamos sentindo muito com a redução de nossas equipes, considerando que estão ocorrendo vários incêndios em grande escala na Ilha do Bananal”, comenta Cléber.
De acordo com ele, em 2023 a brigada era composta por 30 profissionais. No entanto, este ano a equipe reduziu a 17 brigadistas. “O cansaço está sendo muito grande pois todos os dias estamos combatendo incêndios florestais”.
O brigadista ainda reforça que a previsão é de piora nos próximos dias, enquanto não chover na região. Diante dessa situação, Cléber relata que vários animais têm se aproximado das aldeias em busca de proteção, chegando a entrar nas casas e até mesmo nos veículos de resgate.
Animais em busca de proteção na Ilha do Bananal
Brigada Javaé/ Prevenção e Combate a Incêndios florestais
A comunidade
Wapoxire Tuxi Silva Ãwa, cacique do povo Ãwa, relata que a comunidade está enfrentando grandes dificuldades devido à seca. A água é essencial para eles, tanto para a navegação pelos rios e deslocamentos, quanto, principalmente, como fonte de alimento, por meio da pesca.
“Nós do povo Ãwa sobrevivemos da caça, com as secas, os animais se afastam da mata à procura de água”, conta o cacique.
Fumaça das queimadas na Ilha do Bananal
Wapoxire Tuxi Silva Ãwa
Ele conta que, na última semana, a fumaça das queimadas chegou à aldeia, dificultando a respiração da comunidade tanto durante o dia quanto à noite. “Essa seca está sendo prejudicial para todos, para nós seres humanos, para os bichos, para as árvores. A gente sente essas mudanças”.
Wapoxire observa que a situação está piorando a cada ano, com a seca se intensificando. Além disso, a comunidade está percebendo a presença de outros animais como anta, jacu, mutum saindo das matas para buscar água nos rios que ainda não secaram completamente.
O consumo dos peixes
Brigadistas na Ilha do Bananal
Brigada Javaé/ Prevenção e Combate a Incêndios florestais
O biólogo José Sabino explica que toda carne para consumo deve ser proveniente de animais que se tem minimamente um controle sanitário. Nesse caso, diante da seca dos rios e lagos da Ilha do Bananal, não se sabe exatamente quanto tempo decorreu desde a morte dos peixes até que sejam consumidos. Então, não seria recomendável alimentar-se desses animais.
Além disso, animais mortos em condições de calor extremos e seca tendem a perder suas propriedades corporais rapidamente, com ação de bactérias que atuariam nesse processo degenerativo.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mais de 145 mil focos de incêndio foram registrados no Brasil entre janeiro e agosto deste ano.
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