Dedicação à comunidade e gratidão: médico que se formou com a ajuda de doações decidiu atuar na cidade natal


Aos 17 anos, Dowglas Oliveira passou em dois vestibulares, um em 1º lugar. Depois de graduado, escolheu como especialidade a ortopedia e diz que vai continuar no Tocantins, seu estado natal. Dowglas Pereira na época da aprovação em 1º e atualmente, médico.
Márcio Vieira/ATN e Arquivo pressoal/Montagem G1
Concluindo a especialização em ortopedia, o médico Dowglas Oliveira está perto de alcançar mais uma conquista depois da aprovação em primeiro lugar no vestibular de medicina. O estudante de escola pública e família humilde, que em 2013 precisou fazer uma vaquinha para arcar com as despesas da faculdade, decidiu salvar vidas no estado onde se formou, casou e construiu sua história.
Agora com 28 anos e mais de 10 anos depois da aprovação no vestibular, Dowglas passou em primeiro lugar no concurso da saúde de Palmas, consegue ajudar a mãe financeiramente, se casou e comanda um grupo de jovens na igreja evangélica de que participa.
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Dowglas Oliveira começou o curso de medicina aos 17 anos, em 2014. Ele passou em 1º lugar para medicina em uma universidade particular de Gurupi e na Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Palmas, onde optou por seguir o curso. Desde a aprovação, até a formatura, em 2019, ele enfrentou diversos obstáculos para conseguir se graduar como médico, como a mudança e o sustento em outra cidade, já que a mãe ganhava apenas um salário mínimo.
A história de dedicação aos estudos dele foi contada pelo g1 e ganhou repercussão nacional após ele ser convidado para o programa ‘Encontro com Fátima Bernardes’, da TV Globo. Após a entrevista e a reportagem, Dowglas passou a receber ajuda financeira de várias pessoas por todo o país.
“Tive a oportunidade de contar ao Brasil todo a minha trajetória, o que aconteceu comigo e o meu crescimento, principalmente por meio da educação. De lá para cá consegui me formar no ano de 2019, um pouquinho antes da pandemia. Me formei em um período crucial, tive a oportunidade de trabalhar na linha de frente da pandemia, na zona rural. Trabalhei em uma cidade do interior do estado levando a saúde da família às comunidades no interior mesmo. Fui em assentamentos a 100 km da cidade, em estrada de chão”, disse.
Durante a pandemia dedicou todo o tempo para salvar vidas e ajudar as pessoas da região onde ele cresceu. “Tive também a oportunidade de trabalhar até mesmo em unidade de tratamento intensivo ainda na pandemia. Muitas das vezes doente também, mas consegui fazer um diferencial para a minha comunidade”.
Durante a faculdade Dowglas se interessou pela ortopedia como especialidade e em 2022 entrou na residência. Mesmo passando para cursar a especialidade em outras cidades como Marília (SP), São Paulo (SP), Goiânia (GO) e Brasília (DF), ele optou por continuar os estudos no Tocantins, pelo desejo de ficar no estado que tanto o apoiou em tempos difíceis.
“Passei em outros lugares mas optei por continuar aqui ajudando a minha comunidade por meio da ortopedia. Estou agora terminando inclusive, concluindo a ortopedia no mês que vem [fevereiro de 2025], me tornando ortopedista que é a área que eu gosto. Concluindo, vou fazer sub especialização em cirurgia do joelho e pós-graduação em medicina esportiva”, comemorou.
Desde a formatura, os anos se passaram com Dowglas buscando muito trabalho e conhecimento, atuando no Hospital Geral de Palmas e em outras unidades. Para confirmar que Palmas é o local onde ele vai manter suas raízes, em 2024 foi aprovado no concurso da Secretaria Municipal de Palmas.
“Consegui o 1º lugar de ortopedista no concurso do município, agora com pretensões de atuar na esfera municipal fazendo o diferencial para a cidade, para a região”, afirmou o médico.
Médico Dowglas Oliveira mudou de vida por meio dos estudos
Arquivo pessoal
A vida pessoal também teve mudanças. Aquele menino de 17 anos que encantou o mundo com a história de superação, agora é um homem casado que tem o desejo de, muito em breve, ter filhos. Além disso, o sonho de ser pastor, que ele mencionou em outras entrevistas, está em andamento, mas enquanto não chega ela evangeliza como líder de uma célula de jovens da Igreja de Cristo.
“Consegui ajudar minha mãe, minha família. Além disso também cresci na minha vida espiritual, envolvendo as atividades sociais da minha igreja e, como um todo, a vida melhorou bastante”.
Médico Dowglas comanda célula em igreja evangélica de Palmas
Arquivo Pessoal/Dowglas Oliveira
Sendo acompanhado nos últimos dez anos, ele não deixa de agradecer às equipes de reportagem que levaram a história dele ao público em geral, gerando a contribuição de muitas pessoas para que Dowglas pudesse alcançar as vitórias dentro da medicina.
“Tive oportunidades que foram abertas muito pela ação e pelo trabalho da divulgação do g1. Então sou muito grato ao trabalho, ao profissionalismo e ao empenho de toda essa equipe que fez a diferença na minha vida, na minha profissão e eu tenho muito a retribuir não somente à equipe, mas à sociedade que tanto investiu e acreditou em mim”, comemorou.
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Trajetória de sonhos realizados
Quando ainda era adolescente, Dowglas morava em Gurupi com a mãe Luzirane de Jesus Oliveira. Ela sustentava a família com apenas um salário mínimo.
No dia 11 de dezembro de 2013, o g1 publicou a primeira reportagem sobre a história de Dowglas. O adolescente era dedicado aos estudos e chegava a fixar pela casa papéis contendo fórmulas de química para não se esquecer na hora do vestibular.
Na primeira prova que fez, para o curso de medicina da Unirg, foi aprovado em primeiro lugar no vestibular 2014/1. Na época, a concorrência foi de 50 candidatos por vaga. Como a instituição é particular, o jovem, não tinha condições para pagar a mensalidade de R$ 2.841,75.
O então prefeito de Gurupi, Laurez Moreira, que hoje é vice-governador do Tocantins, prometeu que o município iria custear as mensalidades do curso por três anos. Em troca, Dowglas iria ser um prestador de serviços, atuaria como palestrante e monitor em escolas públicas.
Em abril de 2014 ele soube da aprovação na UFT. O desafio era se manter em Palmas, já que a mãe não tinha condições financeiras de pagar pelo sustento dele na capital. A reportagem do g1 mobilizou pessoas em todo o país, que se ofereceram para ajudar o estudante.
Seis anos depois, Dowglas se formou e dedicou-se a atuar contra a Covid-19 no em comunidades no interior do Tocantins. Em seguida começou a especialização em ortopedia, na capital.
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