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O Fantástico deste domingo (16) fez uma expedição inédita para acompanhar o trabalho de monitoramento e proteção dos Kawahiva do Rio Pardo, que enfrentam o risco do avanço do garimpo e do desmatamento. O Fantástico deste domingo (16) fez uma expedição inédita por uma das regiões mais remotas da Amazônia para acompanhar o trabalho de monitoramento e proteção dos indígenas isolados Kawahiva do Rio Pardo.
Foram mais de 120 quilômetros floresta a dentro. É um povo que enfrenta o risco do avanço do garimpo e do desmatamento ilegal.
Vestígios
Durante a expedição, os agentes identificaram vestígios da presença do povo indígena, como castanheiras derrubadas para extração de alimento, além armadilhas usadas para caçar. Tudo foi registrado.
“A partir dessas informações é que a gente consegue, além de comprovar a existência deles, comprovar a área de ocupação deles, verificar que eles estão bem”, destaca Rodrigo Ayres, indigenista da Funai.
A equipe ainda encontrou um tapiri, que é a casa dos Kawahiva do Rio Pardo, um vestígio mais próximo que pode confirmar a presença deles no território.
“Aqui morava uma família. Como eles são nômades, então de tempo em tempo eles vão estar mudando. Quando a caça fica escassa, o peixe, a fruta, eles mudam pra outra região”, explica Jair.
No local, a equipe da Funai deixou um facão como brinde e fez uma marcação com um “X”.
“Eles não sabem o que é a Funai, não têm ideia de que é a Funai. Eles sabem que é um povo com uma ideia diferente, que não vive atropelando eles, não vive dando tiro neles, isso eles sabem”, afirma Jair.
Registros raros
Indígena Kawahiva é registrado por câmera da Funai
TV Globo/Reprodução
Uma das técnicas da Funai para proteção do povo isolado é instalar câmeras de monitoramento pela região. Conseguir um registro deles é algo raro. Uma imagem foi gravada em 2021. Um indígena passa, aparentemente apressado. Ele usa um cocar, carrega arco e flecha e lanças enormes.
Uma imagem mais recente, registrada em dezembro de 2024, mostra quando um indígena Kawahiva passa pelos brindes deixados pela Funai e ignora os objetos. Na sequência, ele volta e a câmera consegue registrar a passagem dele e é possível ver que ele está carregando o arco, flechas e um cesto.
Marcos Aurelio Tosta, coordenador-geral de indígenas isolados da Funai, explica o valor de imagens como essa para o trabalho de monitoramento.
“Esse tipo de imagem é essencial pro nosso trabalho, que a gente verifica características atuais, extremamente atuais desses indígenas”, destaca.
Riscos
Cerca de 20 agentes da Funai, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, se revezam no trabalho de proteção e monitoramento dos isolados. André Tangyp é do povo Amondawa e faz parte da equipe.
“É um pouco complexo, né? A gente fica bastante dia longe da família, mas ao mesmo tempo a gente está ajudando parente da gente, está protegendo o território para eles, né? Isso é uma coisa do peito mesmo”, comenta André.
Os indigenistas afirmam que essa região, a parte sul da Floresta Amazônica, está entre as mais pressionadas pelo desmatamento ilegal.
A base da fundação também já foi atacada a tiros em 2018 e, desde então, o local passou a ser protegido pela Força Nacional.
Mas a missão de proteger a floresta e as pessoas que vivem lá expõe os agentes a outros riscos. Uma imagem exclusiva feita em uma expedição em 2011 registrou o momento em que um indigenista da Funai encontrou-se com um Kawahiva, que, em defesa, apontou arco e flecha e, depois, recuou.
Futuro incerto
As expedições de monitoramento são realizadas regularmente desde que a presença dos Kawahiva foi confirmada em 1999. A Funai acredita que o número de indígenas Kawahiva vem crescendo. Seriam entre 40 e 50 indivíduos espalhados em grupos.
Mas o futuro dos Kawahiva gera preocupação. O território ocupado por eles foi declarado em 2016, mas ainda não foi demarcado pelo governo.
Atualmente, o Brasil tem 86 pontos de estudo de comunidades isoladas que precisam de confirmação. A Constituição Brasileira diz que é obrigação do governo identificar e proteger os povos isolados.
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