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O homem mais rico do mundo virou o manda-chuva da extrema direita em Washington e tomou à frente de Donald Trump para anunciar cortes no orçamento federal dos EUA. Bilionário Elon Musk rouba a cena no início do novo governo Trump nos EUA
No Salão Oval da Casa Branca, durante um dia de anúncios importantes — que 10 mil funcionários seriam demitidos do governo federal americano — o presidente pouco falou. Quem roubou a cena foi um sujeito de boné, sem gravata e que levou o filho de 4 anos, conhecido como X.
Enquanto Donald Trump só observava, Elon Musk foi quem brilhou diante das câmeras. Cada vez mais poderoso, ele está em campanha contra o que chama de burocracia.
O homem mais rico do mundo nasceu na África do Sul, estudou no Canadá e fez fortuna na Califórnia. Pessoas que o seguem de perto explicam como esse bilionário, ex-liberal, virou um manda-chuva de extrema direita em Washington.
“Eu não acho que o Musk seja um herdeiro da cultura original do Vale do Silício, que é diversificada, democrática, comunitária. Por exemplo: um dos fundadores da Apple, o Steve Wozniak, queria montar um computador só pra compartilhar com os amigos. Foi o sócio dele, o Steve Jobs, quem percebeu que existia um mercado pra computadores pessoais”, diz John Markoff, repórter que escreveu o livro definitivo sobre o Vale do Silício, área ao sul de São Francisco, que é uma espécie de capital da tecnologia.
“Aqui se juntaram o movimento contra a guerra e pelos direitos civis, as drogas psicodélicas, a música, a Universidade Stanford. E de certo modo esse espírito de construir, e não de destruir, ainda existe. Então, pra entender o Elon Musk de hoje, acho que a gente precisa olhar não pro Vale do Silício, mas pra infância dele em Pretória, na África do Sul”, completa Markoff.
Como Elon Musk se torna cada vez mais poderoso na Casa Branca
Reprodução/Fantástico
A trajetória de Elon Musk
Filho da classe média alta, zoado na escola por ser muito nerd, Musk chegou ao Vale do Silício em 1995. Hoje, é dono de várias empresas, como a rede social X, antigo Twitter, que ele comprou em 2022. Mas sua fortuna colossal, de cerca de R$ 2 trilhões, vem principalmente da fabricante de carros elétricos Tesla, que ele assumiu depois de escantear os fundadores, e da indústria SpaceX, que tem contratos bilionários com o governo — e é capaz de façanhas como pousar um foguete de ré.
Até o começo da pandemia, em 2020, Musk não parecia ser um radical, mas medidas do governo da Califórnia contra a Covid-19 tiraram o homem do sério.
“Ele mudou politicamente. Se comentava muito no Vale do Silício que havia alguma coisa secreta por trás da pandemia, e Musk acreditou nessas teorias. Também ficou furioso com o isolamento decretado pelo governo. Teve de fechar as fábricas. Tudo isso foi empurrando Musk pra direita”, avalia Kate Conger, jornalista e escritora, co-autora de um livro sobre a compra do Twitter.
Em 2022, um dos 12 filhos vivos conhecidos de Musk, que nasceu menino, passou a se identificar como mulher, adotando o nome Vivian. O pai ficou furioso. “Ele diz que a ideologia de esquerda roubou um filho dele. Que a menina decidiu se identificar como mulher porque sofreu uma lavagem cerebral e foi, tipo, levada embora pelas políticas esquerdistas”, completa Conger.
O bilionário se aproximou de Donald Trump, doou o equivalente a R$ 1,5 bilhão para a campanha e, agora, comanda um novo órgão de governo que ainda nem existe oficialmente: o DOGE, sigla em inglês para Departamento de Eficiência do Governo.
Os primeiros cortes ordenados pelo DOGE atingem áreas de impacto social:
a Usaid, a agência de ajuda humanitária;
os programas de inclusão e diversidade;
o combate às mudanças climáticas;
e as verbas para a ciência.
Musk também disparou e-mails ameaçadores para funcionários federais, caso de um pesquisador brasileiro, da área da saúde — ele pediu para não ser identificado. “Recebemos um e-mail comunicando que estávamos proibidos de conversar com a imprensa. Qualquer tipo de comunicação pública, estamos proibidos de fazer. Isso inclui participações em congressos científicos”.
Da compra do Twitter até os dias de hoje, Musk vem se tornando cada vez mais extremista. Esta semana, ele ameaçou com impeachment os juízes que bloquearem decisões do governo federal.
“Quando é que Musk e Trump vão bater de frente? Afinal, os dois gostam de ser o centro das atenções, e de dar a palavra final em tudo. Mas, por enquanto, parece que estão se dando bem”, analisa Conger.
No evento do Salão Oval, Musk tomou à frente de Trump, e quem se dirigiu ao presidente foi o filhinho do bilionário, que disparou: “Você não é o presidente. Você tem que ir embora”.
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