Funcionária citada em lista das ‘não indicadas’ desabafa sobre mensagem compartilhada no WhatsApp: ‘Criminosa e maldosa’


Lista tem quase 100 nomes de empregadas domésticas e babás de Goiânia, usando com termos preconceituosos e acusações. Ministério Público do Trabalho disse vai formalizar uma denúncia. Domésticas e babás ‘não indicadas’ em Goiânia dizem que a vida piorou depois da lista
Uma das empregadas citadas na lista das ‘não indicadas’, que circula em grupos de WhatsApp de mães e moradores de condomínios de alto padrão em Goiânia, desabafa dizendo que vê a lista como criminosa e maldosa. A lista com nome de 98 empregadas domésticas e babás usa termos preconceituosos e acusações de crimes. Noticiada pela TV Anhanguera, a lista usa termos como “natural do Piauí”, “cabelo de nylon” e “bem obesa”, além de acusações de furto e maus-tratos contra crianças para descrever as trabalhadoras.
“Eu vejo como uma lista criminosa, uma lista de maldade. Eu estou aqui também para dar voz aos 95, quase 100, profissionais que estão nessa lista”, afirmou uma das empregadas.
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A lista divulga os nomes, telefones e descrições das trabalhadoras, além de relatos sobre o período em que trabalharam, alegando que as empregadas engravidaram ao serem contratadas.
Domésticas e babás ‘não indicadas’ em Goiânia: lista com 98 nomes com termos preconceituosas e acusações de crimes circulam em grupos de WhatsApp
Reprodução/TV Anhanguera
Relatos
Uma das empregadas afirma que trabalhou como babá por alguns anos. “Foi meu único serviço. Eu e essa ex-patroa tivemos uma causa na Justiça, mas foi causa trabalhista. Meu nome está nessa lista por maus-tratos com criança, eu quero provas. Eu quero vídeos, porque o que não falta na casa dos nossos patrões são câmeras”, afirmou.
Também para TV Anhanguera, outra empregada declarou que está sendo muito prejudicada com a lista, pois sua demanda de trabalho tem diminuído.
“Eu tinha uma demanda muito grande, trabalhava por contrato e, ultimamente, sumiram. E essa lista vem cada dia mais só crescendo, crescendo e se espalhando em grupos de condomínios fechados”, declarou.
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Reprodução/TV Anhanguera
Justiça
O juiz trabalhista Rodrigo Dias explicou que, se identificar as pessoas que estão propagando essa lista, é possível que uma ação de natureza coletiva seja movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
“Se olhar o outro lado da moeda, o que aconteceria se as empregadas domésticas fizessem uma lista com nome de empregadores e empregadoras domésticas, fazendo as mais variadas acusações e a conduta dessas pessoas dentro de suas casas? Certamente, haveria uma reação muito forte dessas pessoas que se sentiriam razoavelmente ofendidas. Pois é isso que está acontecendo com a essas domésticas”, declarou.
O Ministério Público do Trabalho informou, por meio de nota ao g1, que vai autuar uma denúncia com base no vídeo exibido pela TV Anhanguera, para que as providências necessárias, no âmbito do Direito do Trabalho, sejam tomadas (confira a nota completa abaixo).
O delegado Emerson Oliveira informou, ao g1, que uma das empregadas citadas na lista fez um boletim de ocorrência na 13ª Delegacia de Polícia de Goiânia. Ele explicou que a trabalhadora informou que o nome dela está na lista de “não indicadas”, mas que não há registro contra a doméstica de alguma conduta caluniosa, difamatória ou injuriosa.
“Do jeito que se encontra a ocorrência dela, este fato poderá ser analisado na esfera do Direito Civil, por reparação de dano pela exposição do nome dela em tal lista”, afirmou.
Nota do Ministério Público do Trabalho
Em relação à reportagem exibida na TV Anhanguera que mostrou conversas de teor discriminatório em grupos de WhatsApp, informamos que este Ministério Público do Trabalho (MPT em Goiás) vai autuar (formalizar) uma denúncia com base no vídeo exibido, para que as providências necessárias, no âmbito do Direito do Trabalho, sejam tomadas.
Num primeiro momento, serão realizadas investigações e audiências, para averiguar as circunstâncias e ouvir as partes envolvidas.
Passos seguintes
Para regularizar a situação, poderá ser proposto um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), para que tudo se resolva na esfera administrativa (não seja necessário recorrer ao Poder Judiciário).
Contudo, se eventualmente houver recusa em assinar o TAC, o MPT em Goiás poderá ajuizar uma ação perante a Justiça do Trabalho.
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