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Prisão foi efetuada durante patrulhamento da Rotam no bairro Taquari, na madrugada desta sexta-feira (21). Suspeitos foram pegos com uma arma de fogo e devem passar por audiência de custódia. Investigações seguem sendo feitas pela Polícia Civil. Micaias Santos de Almeida morreu no local do ataque, na rua Baguari, bairro Taquari, em Rio Branco
Arquivo pessoal
Quase uma semana após o assassinato de Micaias Santos de Almeida, de 18 anos, dois suspeitos pelo crime, um de 22 anos e outro de 18, foram presos pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE), no bairro Taquari, no Segundo Distrito de Rio Branco. Eles foram pegos na madrugada desta sexta-feira (21) após uma denúncia anônima que aponta para o possível envolvimento deles na morte do jovem.
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Ao g1, o delegado Alcino Sousa Jr., titular da Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), disse que eles irão passar por audiência de custódia no sábado (22) e estarão à disposição da Justiça. No entanto, a prisão foi efetuada em razão do flagrante relacionado ao porte ilegal de arma e as investigações sobre a morte de Micaias ainda seguem sendo feitas.
Segundo informações da polícia, uma equipe de Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam) estava fazendo patrulhamento no bairro onde Micaias foi morto, quando recebeu uma denúncia anônima apontando que os suspeitos estavam escondidos em uma residência e que, neste local, portavam uma arma de fogo.
A equipe policial então se deslocou até o local e um homem, que estava no portão, entrou rapidamente ao avistar a viatura. Os agentes então entraram na casa, fizeram a abordagem e encontraram um celular e uma arma de fogo calibre .38 com seis munições na posse de um deles. O outro suspeito tentou se esconder nos fundos da casa, mas não obteve sucesso.
Diante das circunstâncias, os dois receberam voz de prisão e foram encaminhados à Delegacia de Flagrantes de Rio Branco (Defla) para os procedimentos judiciais. Os itens encontrados na casa, bem como uma balança de precisão, foram apreendidos para perícia.
O caso
Micaias foi morto após ser atacado a tiros por dois homens em uma motocicleta na madrugada do último domingo (16) entre a Rua Baguari, no bairro Taquari, e o Ramal Menino Jesus, no bairro Loteamento Praia do Amapá, em Rio Branco. André Silva dos Santos, também com a mesma idade e que estava em companhia da vítima, também foi atingido e levado ao Pronto-socorro da capital.
Ele era presidente de um projeto social intitulado “SOS Taquari”, que tinha o objetivo de ajudar crianças através de atividades e esporte no bairro onde foi morto.
Em depoimento à Polícia Militar do Acre (PM-AC), a mãe de Micaias, Maria Santos, informou que o filho estava com mais dois amigos em casa tomando tereré. O terceiro rapaz, que não teve o nome revelado, disse que ia embora e os dois amigos decidiram acompanhá-lo até em casa.
Micaias foi ferido com quatro disparos, sendo uma perfuração no peito direito, outra no peito esquerdo, uma na panturrilha esquerda e uma superficial no braço esquerdo, na altura do punho, e morreu no local, antes do atendimento médico. Já André estava ferido com dois tiros no tórax e outro no abdômen. Ele foi atendido no local e encaminhado ao hospital.
Jovem morto era presidente do clube de futebol Taquari Clube que ajudava crianças do bairro no AC
Arquivo pessoal
‘Ser de luz’
O g1 conversou com o coordenador do projeto Amigos Solidários no Acre, Derineudo de Souza, que contou que além de ser voluntário, o projeto liderado por Micaias fazia parcerias com o Amigos Solidários e o jovem sempre procurava ajuda para melhorar o time de futebol “Taquari Clube”, bem como levar esporte e diversas atividades às crianças do bairro.
“Ele buscava muitas parcerias e era componente do Amigos Solidários, nas horas vagas. Estava todo mundo junto e misturado, buscando atender os mais necessitados. O projeto de futebol que ele tinha lá no bairro era junto com outro rapaz e eles dividiam as turmas. Ele ficava na parte da manhã e coordenava o grupo”, relembrou.
O coordenador citou também que durante os projetos coordenados por Micaias, a Polícia Militar também dava treinamentos e orientações para os jovens colaborando com a iniciativa.
“Ele cuidava do futebol, conseguia bola, chuteiras e além disso, alguns militares ajudavam ele. Ele era um ser de luz, uma pessoa diferente, que brilhava e usava esse brilho para tentar ajudar a comunidade do Taquari. Todas as vezes que ele falou comigo, foi buscando ajuda. Aquela comunidade sofre muito e ele era consciente com a falta de alimento muitas das vezes, e buscava parcerias”, declarou.
Projeto de jovem fazia parceria com a polícia mostrando o trabalho às crianças
Arquivo pessoal
Jovem tinha sonhos
Nas redes sociais, Micaias tinha um destaque mostrando ações de seu projeto de futebol e a ida dos policiais ao bairro, assim como as visitas feitas pelas crianças aos batalhões da PM. O coordenador do projeto, que também é policial militar, descreveu o jovem como sonhador, que acreditava estar fazendo a diferença e contava que poderia fazer sempre mais.
“Ele acreditava muito que ia conseguir ter muitas influências e transformar a realidade que ele vivia como comunidade. Ele estava sempre sorrindo, sempre alegre. Era um jovem que passava esse olhar humano, esse olhar de liderança. Tão jovem, porém, com uma sabedoria extrema”, lamentou Derineudo.
A motivação do crime ainda está sendo apurada, segundo informações do delegado Cristiano Bastos, responsável pelo caso, à época dos fatos. “Há constantes ataques de facção rival no bairro. Crime cometido nesse contexto, onde os autores atiraram em quem acreditam ser rival”, disse ao g1.
Jovem dava aulas de futebol para crianças e adolescentes do bairro Taquari
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