
Algumas peças estão no local desde 1960, ano da fundação da capital, outras foram instaladas mais tarde. Professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) diz que ‘Lucio Costa não planejou intervenções na Esplanada’. Veja cinco curiosidades da Esplanada dos Ministérios.
Você sabia que entre os prédios da Esplanada dos Ministérios existe uma pequena sereia, um mastro de navio e um bolo de noiva? Estes segredos escondidos são algumas das cinco curiosidades que o g1 listou sobre um dos pontos turísticos mais visitados de Brasília (veja vídeo acima).
🔎Algumas curiosidades estão na Esplanada desde 1960, ano da fundação da capital, outras foram instaladas nas décadas de 1980 e nos anos 2000.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp.
De acordo com o professor de arquitetura e urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) Benny Shvarsberg, o urbanista Lucio Costa não planejou as intervenções na Esplanada dos Ministérios, que foram instaladas e construídas ao longo do tempo.
“Lucio Costa era minucioso no volume, escala e proporção. Ele não previu instalações de monumentos e esculturas, nada disso. Não previu sequer o que aconteceu que são comércios ambulantes. […] Ao longo do tempo, naturalmente, na própria construção dos ministérios foram sendo colocados elementos ornamentais, esculturais, simbólicos”, diz o professor.
Veja abaixo cinco curiosidades da Esplanada dos Ministérios:
Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Arte/TV Globo
Sereiazinha
Mastro de navio
Bolo de noiva
Número três gigante
Marco da Caravana da Integração Nacional
1. Sereiazinha🧜♀️
Estátua da Sereiazinha na Esplanada dos Ministérios.
Fernanda Bastos/g1
A Pequena Sereia, em frente ao prédio do Comando da Marinha, em Brasília, é uma réplica de uma escultura que fica no porto de Copenhague, na Dinamarca. A original foi criada pelo artista Carl Jacobsen e inaugurada em 1913. 🧜
Ao g1, a Marinha do Brasil, responsável pela escultura, conta que a réplica foi um presente da Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca, entregue em 1960. No entanto, obra ficou esquecida durante cinco anos em um depósito, no Palácio do Planalto.
🔎 Em busca do canto da sereia, um representante dinamarquês veio ao Brasil, em 1965, e não encontrou a estátua. A Marinha assumiu o compromisso de instalar a obra.
A inauguração da peça ocorreu em 13 de dezembro de 1965, na Semana da Marinha. A sereia ainda ganhou um espelho d’água em frente à sede do Ministério da Defesa na Esplanada dos Ministérios.🧜♀️Na placa, que fica colada na obra, estão os dizeres:
“Sereiazinha doada ao Brasil pelos Amigos da Dinamarca, em admiração à iniciativa de Brasília, recordando a tradicional cortesia da Marinha de Guerra do Brasil para com a Sereiazinha de Copenhague, sob os auspícios do Governo Real da Dinamarca pela Sociedade dos Amigos do Brasil na Dinamarca”.
2. Mastro de navio 🚢
Mastro de navio instalado na frente do Comando da Marinha.
Fernanda Bastos/g1
Quem já passou perto do Comando da Marinha, prestando atenção aos detalhes, deve ter percebido um mastro de navio, conhecido como Mastro da Bandeira. A peça foi instalada em 1960, quando o então Ministério da Marinha foi ativado na Esplanada dos Ministérios.
🛳️ O mastro não veio de uma embarcação. No entanto, seguiu o estilo e a tradição naval, com base nos mastros existentes nos navios.
“Representa a presença e a tradição da Marinha do Brasil na capital federal”, diz a Marinha.
Segundo a Marinha do Brasil, o mastro possui um valor simbólico e institucional significativo. Ele é composto por uma verga de bombordo (esquerda), uma verga de boreste (direita) e o penol da carangueja, estrutura por onde é içado o pavilhão nacional.
O mastro é usado no hasteamento da bandeira do Brasil e de outras bandeiras navais em ocasiões oficiais, seguindo os protocolos e tradições marítimas. 🚢
3. Bolo de noiva 🍰
Vista externa do edifício ‘Bolo de Noiva’ desde o térreo.
Acervo da Coordenação-Geral de Patrimônio Histórico (CGPH-MRE)/Divulgação
O anexo II do Palácio do Itamaraty é conhecido popularmente como ‘Bolo de Noiva’. O apelido se deve ao fato de o prédio ser parecido com um bolo de três andares, já que é formado por círculos sobrepostos. 🍰
🔎 Inaugurado em 1986, o prédio projetado por Oscar Niemeyer em 1974 – quatro anos depois da inauguração do Palácio do Itamaraty.
“Fincado o princípio de que o novo edifício deverá contrastar com as formas rígidas e retangulares do Palácio do Itamaraty, a solução circular surgiu naturalmente, com seus andares em véus e os jardins fechados que visam conforto e intimidade interior”, disse o arquiteto Oscar Niemeyer no rascunho do prédio.
🎂Se a massa do bolo foi feita por Niemeyer, os enfeites verdes – paisagismo – foram definidos por Roberto Burle Marx e a cobertura – arte com painéis de azulejos e mármore – foi desenhada por Athos Bulcão (veja imagens abaixo).
Galerias Relacionadas
4. Número três gigante 🔢
A Cúria Metropolitana de Brasília tem o formato do número três.
Google Earth/Reprodução
Para quem caminha pela Esplanada dos Ministérios, esta última curiosidade não está visível. Ela é vista de um único ângulo: de cima (veja no mapa acima). 👀
🔎 O número três gigante está escondido no formato da Cúria Metropolitana de Brasília. A obra de Oscar Niemeyer, inaugurada em 2007, fica ao lado da Catedral.
“Visto do alto, o prédio tem o formato do número 3, remetendo às três Pessoas da Santíssima Trindade”, segundo a Arquidiocese de Brasília.
Cúria Metropolitana de Brasília vista do alto.
Catedral Metropolitana de Brasília/Divulgação
No entanto, o professor de arquitetura e urbanismo Benny Shvarsberg, da Universidade de Brasília (UnB), diz que apesar de ser uma obra religiosa no formato do algarismo três, não há descrição no projeto sobre a representação da Santíssima Trindade.
“Eu desconheço, acho que não existe um memorial em que haja um texto em que o autor se remeta a essa inspiração simbólica. Atribuo essa alegoria a uma livre interpretação”, afirma o professor da UnB.
🔎O prédio, que tem ligação interna com a Catedral, abriga órgãos administrativos da Arquidiocese como a chancelaria, comissões, departamentos, gabinetes do Arcebispo, dos Bispos Auxiliares e do Vigário Geral.
5. Marco da Caravana da Integração Nacional 🚗
Marco da Caravana da Integração Nacional na Esplanada dos Ministérios.
Fernanda Bastos/g1
Uma cruz de metal de 2 metros de altura, entre as vias S1 e N1, é o Marco da Caravana da Integração Nacional, monumento instalado em 1960, antes da inauguração de Brasília.
A estrutura simboliza a expansão da malha rodoviária e a implantação da indústria automobilística em Brasília. A instalação ocorreu à época da conclusão da construção da cidade, quando houve uma expedição rumo à nova capital (veja foto abaixo).
🔎 Ao todo, 287 pessoas em 130 carros nacionais saíram dos quatro cantos do país e rodaram mais de 6 mil quilômetros por estradas de terra até chegar em Brasília. 🚗🚙
Marco da Caravana da Integração Nacional de 1960, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Arquivo Público
A cerimônia de chegada da caravana foi em 2 de fevereiro de 1960, em meio a chuva e festa, com missa na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida e churrasco no Palácio do Planalto. Dois meses depois, em 21 de abril, Brasília era inaugurada pelo então presidente, Juscelino Kubitschek (veja foto abaixo).
Presidente Juscelino Kubitschek no Marco da Caravana da Integração Nacional de 1960, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Arquivo Público
LEIA TAMBÉM:
LENDAS DE BRASÍLIA: ‘Túneis secretos’ que ligam prédios da Esplanada dos Ministérios são reais?
‘NEVE’ EM BRASÍLIA: veja FOTOS do dia em que a capital ficou coberta de gelo após tempestade de granizo
Leia outras notícias da região no g1 DF.