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Associação foi criada por moradores do Cruzeiro em 1961, um ano depois da inauguração da capital. Em 2025, ARUC realiza desfile em 23 de fevereiro. Imagens da história da ARUC, no Cruzeiro (DF).
Arquivo ARUC
Em 21 de outubro de 1961, pouco mais de um ano após a inauguração de Brasília, moradores do Cruzeiro – uma das mais antigas região administrativa do Distrito Federal – se reuniram nos fundos da casa de Paulo Costa, na quadra 14.
Esse encontro marcou a fundação da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (ARUC), primeira escola de samba do DF. 🎉🎶
👉 Neste ano, a ARUC realiza seu desfile de carnaval em 23 de fevereiro, pelas ruas do Cruzeiro. A concentração começa às 15h e o desfile às 16h30, na Avenida das Mangueiras. O tema apresentado é “O Samba no DF é Resistência Cultural”, com a participação de mais seis escolas.
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Samba carioca
Registro do primeiro ensaio da ARUC, em 1961.
Aruc/reprodução
A ARUC soma 31 títulos de campeã nos desfiles de samba no DF. A associação também promove atividades de lazer, cultura e esporte.
Grande parte dos fundadores da ARUC veio do Rio de Janeiro. O motivo é que os primeiros moradores do Cruzeiro – antes conhecido como Bairro do Gavião – eram funcionários públicos transferidos da antiga capital, a partir de 1958.
Um desses funcionários foi o pai de Hélio dos Santos, que se mudou do Rio de Janeiro para Brasília em 1961. Hélio entrou para a ARUC em 1974, aos 23 anos, para criar o departamento de esportes. Ele também já ocupou o cargo de presidente da associação e, atualmente, é presidente do Instituto ARUC, que cuida da parte esportiva e cultural.
“Praticamente todos conheciam minha família. Acompanhei o nascimento da ARUC”, conta Hélio.
De ensaios na rua para a sede no Cruzeiro
Ala das baianas e Wellington Vareta em 1975, no DF.
Arquivo ARUC
Nos seus primeiros anos, os membros da ARUC realizavam os ensaios pelas ruas do Cruzeiro. Tudo mudou quando o clube Cruzeiro do Sul encerrou suas atividades em 1971, “liberando” o imóvel.
Em 1974, a ARUC transformou o local em sua sede, que é a mesma até os dias atuais.
“Aqui é uma grande família. A ARUC cresceu muito, expandiu muito”, diz Robson Oliveira, presidente da ARUC. Para ele, a associação reúne gerações de famílias e representa o coração da comunidade do Cruzeiro.
ARUC no esporte
Times de futsal da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (ARUC)
O departamento de esportes da ARUC foi criado em 1974, com equipes de diferentes modalidades. Um dos destaques foi o futsal, que era ensinado até para as crianças.
⚽A equipe masculina, por exemplo, foi campeã de futsal no DF em 1981.
⚽A equipe feminina também levou títulos, como no campeonato de 1990.
Momentos difíceis
Uma história lembrada por Hélio dos Santos aconteceu em 1977, período da ditadura militar.
“ARUC era polo de resistência, o movimento negro se reunia lá e não era bem visto”, lembra Hélio.
Naquele ano, Hélio foi para uma reunião na Asa Norte com outros membros da ARUC, para discutir o apoio da escola ao bloco “Pacotão”, que fazia críticas ao regime.
Durante a reunião, um membro da ARUC comentou que, no desfile do ano seguinte, a escola não poderia citar o nome de Juscelino Kubitschek no samba que fazia homenagem a ele. Na ditadura, o ex-presidente teve os direitos políticos cassados, sofreu perseguição e exílio.
Um jornalista que estava na reunião soube da informação e escreveu uma reportagem citando o caso. Segundo Hélio, a notícia foi parar na capa de um jornal, o que desagradou os militares, causando tensão e medo entre os membros da ARUC.
“A gente sofreu ameaças, passamos momento muito difíceis, muito difíceis”, diz Hélio.
Mistério do sumiço da bandeira
À esquerda, porta bandeira Estela com pluma no lugar da bandeira. À direita, bandeira original encontrada depois do desfile.
Arquivo ARUC
Uma das histórias conhecidas da ARUC aconteceu no carnaval de 1979. A bandeira que seria levada pela porta bandeira Estela desapareceu momentos antes do desfile.
No lugar da bandeira, Estela desfilou segurando uma grande pluma. A bandeira só apareceu depois do desfile, na porta da casa da dona Juracy, mãe de Hélio dos Santos (veja foto acima).
“Quando retornei da avenida, minha mãe disse: ‘Deixaram uma bandeira aqui na porta, leva lá pra ARUC'”, lembra Hélio.
Naquele desfile, a ARUC acabou tirando nota zero na categoria da bandeira. Hélio conta que, se tivessem tirado nota 1, teriam empatado com a escola vencedora. A disputa seria desempatada com a avaliação da bateria, na qual a ARUC tirou nota maior. O sumiço da bandeira segue como um mistério.
Reconhecimento x dificuldades
Paulinho da Viola na ARUC, em 1979.
Arquivo ARUC
A ARUC já recebeu a visita de grandes nomes do samba brasileiro. Em 1979, Paulinho da Viola esteve com os integrantes da associação (veja foto acima).
Da esquerda para direita: Dona Ivone Lara, Haroldo Melodia e Elza Soares.
Arquivo ARUC
Nos anos 80, Dona Ivone Lara, Aroldo Melodia e Elza Soares também passaram pela associação (veja foto acima).
Patrimônio imaterial
Em 2009, a ARUC recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal. O título reconhece a associação como parte da história e cultura do DF.
📌Em outubro de 2025, a ARUC completa 64 anos de existência.
Desfile da Escola de Samba Unidos do Cruzeiro (Aruc), no DF
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